terça-feira, 20 de junho de 2017

Depoimento da cientista tecnológica: Flashback.

Não gostava do cheiro, lembrava minha mãe. Esse som de passos sobre a madeira, o blues baixo saindo de algum lugar que não se vê, clientes sempre sorrindo enquanto a ajudava a encaixar letras no quadro da tabela de preços do bar que hoje não a tem mais, este bar que é apenas do patriarca, pois naturalmente fui deixada com meus livros, com minhas abstenções e sonhos pessoais. Hoje meu coração foi inundado de sentimentos e até desse amadeirado nos meus sentidos me embriaga. Em todos os cantos acompanhada de papeis e livros, me sento e me distraio, enquanto meu querido pai organiza na intenção de abrir, eu já consumo esses primeiros minutos de um dia de folga. Acordada ao meio dia com som dos carros, me entrego ao sossego e da cama me levanto horas depois, visto qualquer coisa e lembro de Télio, sujeito curioso e discreto que estivera na noite anterior lhe conduzindo ideias sobre conceitos que só me rendo pelas razões que ele consegue propor, que o faz sempre como o melhor no que faz. No caminho, em uma calçada próxima do bar vejo pessoas estranhas, nascida e educada no bairro entendia fisionomias familiares, e aquelas definitivamente não eram. Meu sentimento se manteve em alerta mas não precisei me manter assim por mais que meio segundo, um deles sacava lentamente um revolver que sob a fraca luz da rua evidenciava ferrugem porém também um vigor letal que me arrepiava a alma, e cedi... A porta do bar se abriu, com olhar sério e decidido ele andou em direção deles, com uma mão sob a blusa e um pulso viril a apertar-lhe algum objeto sob a blusa causa sensação tão mortal que eu própria temi, todos correram, exceto ele, meu querido Télio, caminhou sozinho e sumiu na escuridão. Em segundos estava dentro do bar, nos braços de meu inseparável pai, que abençoado és por seu deus que me enviara anjo, apaixonada, uma humana... não posso o ter, ter um anjo? Não posso ter. 

Depoimento de um barista, testemunha espiritual: Hoje boa ovelha, outro dia bom pastor.

Sozinho no balcão lembrando satisfeito da manhã de café na casa de sua filha ao mesmo tempo que sente uma ponta de culpa por se parecer distante no momento em família estava com seu senso cristão distante, pensando no pobre coitado que recolhera da sarjeta na manhã daquele dia.

A noite acontecia naquele bar construído nos subterrâneos de um bairro no centro universitário da maior metrópole nacional. Davi organizava seus papeis da demanda do dia distraído enquanto pensava e sentiu presença de cliente no balcão, automaticamente oferece atenção e nota que o senhor era justamente o pobre coitado da manhã. Ele muito bem vestido, cabelo preservado e barba grisalha não seria a mesma pessoa da manhã se o barista próprio não o tivesse carregado e deixado no quarto dos fundos do bar. Impressionado, conversa com o moço, que seu nome não disse tão pouco idade, devolveu cumprimento amistoso, mas vazio, definitivamente não se lembrava de mim. Guardando uma caneta dentro do terno metodicamente parece ignorar todo o mundo exterior, e após esse momento volta a atenção para mim e pede por um drink, seguido de outros dois que bebe em silêncio e um quarto que se retira deixando uma nota sobre o balcão, o valor exato do débito me intriga, mas relevo. Ele se mistura entre os outros clientes, no meio deles noto que são todos iguais e de fato me deparo com a condição incontestável de lidar com isso, afinal fazer algo é não esperar nada em troca, assim dizia na antiga função pastoril e assim prefere continuar vivendo. 

Depoimento de uma tecnocrata: Reciprocidade no espelho

“Mesmo com uma jornada tão insaciável de trabalho sentada juvenil sentada entre um grupo de estudantes de alguma graduação. De longe vejo meu pai, tão distraído quanto estava na manhã de café comigo, eu poderia conversar com trezentas pessoas em uma noite que ele não notaria. Não me interessava por nomes, política comum na penumbra desse bar, razão qual sou adepta e mesmo sendo filha, uma de suas melhores clientes. Desde algumas semanas esses debates só ficavam interessantes quando ele chegava, sempre do oculto se revelando e uma áurea se forma naturalmente sobre ele, todas as noites.  Hoje com minha carreira consolidada, meu pai me falava para usufruir o livre arbítrio, porquanto papai estava grisalho e de alma cansada de pertinências sociais, julgava eu, e assim eu me emancipei. De longe notei-o de pensamento reflexivo e distante, como quem fazia mecanicamente rotinas do ofício... analisar as expressões miméticas do próprio pai fora interrompido pelo som da porta, como uma sombra se movimentando, ele se senta meio de longe, em silêncio permanece por longos minutos. Se levanta e vai até o balcão, papai o reconhece com um pulo, conversam amistosamente mas não me lembro de se conhecerem antes, parecia que a existência de Télio era ignorada por papai. Permanece por outros longos minutos sozinho no balcão e como de costume depois de três serem esvaziados se senta na mesa com seu quarto copo, este que dura por horas enquanto aborda com maestria todos as questões levantadas, soluciona todos! E todas as noites me tem, como quem nunca me tivesse tido, nesse amor distraído que me permito viver.”

Diário espiritual de um esquizofrênico: Subsistência social.

Acordado sinto em minha pele o clima de uma manhã fria com sol ao som de pássaros, antes de abrir os olhos me permito em uma paralisia de sono voluntária para poder protelar as responsabilidades de minha vida e nisso me lembro de adormecer com sabor de vinho no paladar e uma interpretação livre de algo de Clarice Lispector como “Nasci para três coisas que são a minha essência: escrever, amar e ser mãe. E amar é tão completo que se estende e poder aprender a me perdoar... com o que sobra” e percebo o que meu consultor social, que é como ele gosta de se definir como função no mundo ideal que ele me falou preferir viver, conversou comigo sobre minhas condições, não que eu tenha nascido para os três pontos de Clarice, mas eu deveria ter os meus, posso saber quais, mas vivo de uma decisão tão latente que supersticiosos poderiam me rotular como libriano, mas gozo da liberdade do ceticismo. Divagações a parte, sinto que devo definir vocações vitais, sei que não seria o amor, sou apático de natureza, tanto que vivo uma vida que surtaria qualquer um, pois poucos migram do distrito federal com pouca bagagem e prosperam na cidade mais populosa do país. Mas não é conquista demográfica que me interessa, não posso nem desejo pagar por luxo, tenho despesas caras com meu profissional do ego, afinal vim para esta interessante cidade apenas para ser atendido por sua especialidade, que é pioneira no país. Percebo que estou tentando abrir ferida pensando em custo de tudo isso, mas nem isso me afeta, o que conversa com meus sentidos é apenas um recente e compulsivo desejo pelo sabor do café. 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Diário de um esquizofrênico: Devaneios noturnos.

"Na minha opinião, não existe essa de destino pronto, mas existem opções que não são as melhores pra você, e biblicamente você tem livre arbítrio pra optar até pelo que não presta, e acredito que é nessas escolhas que Deus participa, te enviando alguns sinais, te ajudando a se orientar. A algum tempo optei por acreditar nos sinais e confesso que, por não saber como teria sido, comecei a duvidar se eu teria tido mesmo uma interpretação correta ou apenas devaneios. Até que Deus deu um jeito de me avisar de novo, quando eu estava quase me arrependendo de algumas escolhas, ele detalhou sem que houvessem incertezas, apresentou solidamente fatos! Por que ele tem tido tanta paciência comigo? Que fui cético por tantos anos, formando opiniões contrárias, contestando a logica de sua existência. Por que?"

Diário de um Psiquiatra: breaking the rabbit


Uma manhã fria e quase poética de janeiro, sempre pensei em começo de ano com sabor de infância, são primeiros dias de ansiedade pelas mudanças que viriam na escola. O que há em mim é puro anseio, volto da tabacaria em quase devaneios, salvo por intervalos lúcidos, me peguei algumas vezes sorrindo sozinho, mas tenho de ser subjugado pelos preceitos de minha profissão, entre esses devaneios surge uma ideia, esta qual não havia pensado antes: Por que não roteirizo sanidade? 
Por um breve momento, lembrei-me da despedida de um cliente, aquela sensação de amizade me fez parecer que eu o devia, que não podia simplesmente ir embora, devo isso a ele. 

Diário de um psiquiatra: Testemunha espiritual.

Anexo ao laudo: Perfil psicológico e social; Davi Marcondes. 1. Chovia muito e Davi descartava lixo na lateral do bar, com os olhos serrados para evitar entrar a insistente água da chuva. Não havia notado a princípio, mas ao girar os pés no ímpeto de voltar ao conforto do abrigo esbarra a ponta do sapato em um volume no chão, alguns passos depois ele decide olhar e já com o corpo todo protegido na porta lateral do bar percebe que é um corpo, seu pensamento individualista secular o diz pra entrar e cuidar da contabilidade para fechar, assim que a chuva cessasse. 2. Davi outrora fora pastor da última geração de igrejas protestantes, a teologia tendeu à unificação e desde o século XXII não se fala mais em denominações populistas, todas elas se tornaram centros de gestão social estatizada. Mas esse assunto não interessava tão pouco para ser pensado, o que o sistema quer e o que o povo deseja e suas respectivas equidades não lhe interessavam mais, superara com “que seja como Deus manda”, se mantendo cristão resiliente de sua fé, sendo ele um dos últimos no exercício do ofício, ao assinar o acordo de executar o plano de caridade institucionalizado pelo estado, ficou entre abrir um bar ou morar na rua. Decidindo abrir o bar com algumas reservas que tinha, neste bar passou também a morar. Dos fundos passando para uma construção modesta que ele próprio projetara e executara com suas mãos, bis neto de pedreiro do século passado herdara extinta tradição de labuta. Em temo contemporâneo todas as construções são por encomendas livres de encaixes por padrões de paredes, alicerce, acabamento, processo entre operadores e suas máquinas na mão de obra com cimentos, terra e brita do século passado. 3. Nesse sentido, voltando ao momento de lidar com a realidade de lidar com um corpo na sarjeta nos fundos de seu bar meditou Davi, e por esse motivo decidiu voltar e conferir vida no corpo, encontrando recolheu este corpo e o depositou no antigo quarto do andar debaixo, seu antigo quarto, nos fundos do bar, o deixando ali, notou que aquele pobre coitado tinha um bilhete no bolso, parecia papel de conteúdo romântico em uma caligrafia que não lhe era estranha, mas não constava nenhum nome. O deixou e pensou em algum agasalho e antes que encontrasse viu o sujeito se recolher, satisfeito, em um abraço individual e aparentemente confortável, o cobre com um cobertor sem personalidade e ali o deixa com fechaduras destrancadas para partir quando quiser. Não podia esperar, de manhã teria a café da manhã de comemoração de promoção com a filha, sua querida tecnocrata. 

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Diário de um psiquiatra: Sinopse

Biografia do psiquiatra: Educado na Colômbia, natural de Bogotá. Antônio veio ao Brasil ainda adolescente e por ser de pais brasileiros já dominava a língua e não sente transição cultural. Acadêmico dedicado em medicina se tornou um respeitado psiquiatra, pioneiro em terapias não medicadas com acompanhamento rigoroso de psicólogos impulsiona novo modelo de clínicas, ganha nome e convites para escolher onde palestrar. Aposenta cedo da função de clinicar e por alguns anos se dedica às pesquisas, ensaios desses estudos quando publicados lhe credenciam como mais requisitado palestrante da área da saúde. Mas sucumbe silenciosamente às noites de bares, sendo sempre dominado por um alter ego silencioso, que nunca deixa rastros de sua existência. Teme em vida que seu alter ego seja violento, administra a vida como quem convive com um terrível animal doméstico, trancando-se dentro e si enquanto a vida acontece, solitária e monótona.

Biografia do paciente: Filho de burocratas do planalto, teve tudo que precisou exceto estrutura familiar. Não se encaixou em nenhuma espera social do distrito federal. Desenvolve tendências suicidas, tão logo é mandado pelos pais para São Paulo para ser atendido pelo melhor especialista no assunto do país, o que posterga ao máximo o inevitável e fatal momento.

Biografia da tecnocrata: Estudiosa, Sofia trocou sonhos adolescentes de encontrar o amor da vida pelos livros e suas notas a levaram a trabalhar no projeto de energia limpa do governo, governo este que nasceu 10 anos atrás nas universidades com um grupo de gênios, liderado por um messias político, este fora colocado no poder pelo povo, sem luta ou manifestações, uma intervenção popular como nunca vista. Quando o governo republicano percebeu era tarde demais, cercar universidades para derrubar forças foi sua última e inútil jogada pois o poder não estava centralizado, o poder era o despertar do povo. Este grupo de intelectuais continuaram todos os grandes projetos científicos colocando o país no centro de todos os assuntos tecnológicos, cura de doenças, tratamento de esgoto, soluções sociais, energia pura, internet livre via satélite e nenhuma necessidade de fios pela cidade fizeram do grande líder o marco entre formas de governo do republicano para formas centralizadas de gestão, onde todos contribuiriam para a construção deste cenário. Sofia é chefe do setor de auditoria de resultados, fazia visitas de rotinas em módulos reatores domésticos e em um deles, no fim de um dia cansativo conhece uma casa de debates e bebidas, percebe que dentre eles havia um notável líder, este falava e gesticulava como mais um messias, mas esse não parecia ter a adesão de todos, curioso o quanto sua acidez o isolava, notável o quanto ele não se importava, intrigante o quanto isso a atraia. Apaixonar-se e estar todas as noites com ele lhe deu vida, Sofia respirava amor, e esse amor existia somente na presença de Télio, pobre coitado.

Biografia do cientista político: Não se sabe de onde, mas frequente nos bares paulistas, sua vida noturna era presença previsível e suas rodas de conversa já tiveram assuntos relatados em periódicos de revistas. Mas Télio nunca levava o crédito. Introspectivo, não falava de pessoas ou de sua vida, quando falava, o que o fazia com maestria, este sempre levantava assuntos que esquentavam por toda uma noite qualquer bar que ele esteja. Rodas naturalmente se formavam e seus discursos eram duramente refutados, portanto Télio não se convencia facilmente, citava autores e teorias, parecia fazer isso até quando ele próprio não concordava com o que ele mesmo dizia, pois parecia ser de sua natureza essa vida: Viver pela ideia! 

Diário de um psiquiatra: O silêncio que fala do alter ego discreto

‘Enquanto caminhava dominava seus sentidos, lembrando que já havia pensado sobre este perfil de momento se viu dentro da práxis da projetada tese dos preceitos básicos do definir prioridades a nível de sobrevivência porquanto lhe parecia mais viável estar fisicamente seguro em algum lugar que tentar lembrar onde estava e o que estava fazendo. Sabendo do seu hábito compulsivo de anotações tentou achar algum em seus bolsos, dia de sorte, encontrou um que dizia hora e local da próxima palestra, mas faltou anotar o assunto, infeliz se consolou no plano de levar vários tópicos e palavras chave para cada, estava na hora de montar um portfólio intrapessoal como maleta de ferramentas. Nota suas mãos trêmulas... mas não as sente, estão dormentes e para guardar a anotação acionou mecanicamente a outra mão, se assusta com o som do papel no bolso, este sentido se equalizando e provocando sentidos novos. Sente cheiro de manhã, deve estar sendo uma manhã linda para quem dormiu uma noite e a vê. Ouve os pássaros, cheiro de café, som de passos e por esses padrões e locais que habitualmente frequenta deduziu localidade geográfica e assim se ajustou, usando a posição do sol no corpo para se direcionar, seus sentidos feridos o conduzirão.’ 

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Diário de um Psiquiatra: Consulta fora de agenda

“Em um bairro onde famílias proliferavam como tribos, vivíamos como histórias bíblicas, mas não no passado, hoje lidamos com energia pura gerada por gravidade sintética, em uma matéria pequena mas complexamente massiva que colhia eletricidade cinética de constantes, volumosos e silenciosos organismos – Esta realidade sonha, e no sonho são duas famílias que precisavam habitar entre si e lidavam com diferenças de cultura social, habitando geograficamente ao lado por gerações, ambas conheciam natureza e personalidade de todos porquanto a convivência lhe permitia mas em dado momento uma geração perdeu o controle da manutenção do conflito e um confronto aconteceu: Eu convivia na família mais baixa da estrutura topográfica, mas gostávamos da proteção do alto nível topográfico que a outra família vivia. Certa feita meu comportamento deliberado e desconectado de preceitos sociais me parecia incomodar os valores da outra família. Um primo entre eles em conluio com outros conspirou e em tentar executar em pico emocional me acertou, com um me bloqueou a vértebra, mas exagerei as consequências quando percebi que foram somente lesões, mas me lesionaram também a fala, e aparentemente algum órgão desses que temos dois, estou debilitado demais para identificar, na verdade potencializando os danos para todos citados exceto um grave dano na mão esquerda. Fui acolhido por um deles quando minha própria família não parecia se interessar por caridade, e convivi e fui adotado como um acessório, mas de bom grado, daqueles que gostamos de guardar, portanto não tinha o conforto familiar nem a posse da destreza física que me permitia ser um alfa entre meu povo. Sem poder falar, andar e tendo que ser alimentado como se alimenta um filhote ferido fui colhido com os melhores cuidados possíveis, porquanto não fui tratado dos ferimentos, quatro balas eu poderia dizer que poderia sentir ainda em meu corpo e não via ninguém se interessando em as tirar do meu corpo, por respeito em ideais da convivência deles para com eles, acordo mútuo que imagino eu não poderia ter de alguns que convivia no passado. Retomo-me de todos os danos, exceto os da mão, que em conversa com um que hoje é como um irmão me diz que é grave, no osso, e eu lidei com isso como quem recebe a notícia meteorológica de noite fria, chuva e possivelmente tornado, caso esteja em zona de risco, mas o tornado chegou e passou, de fato, e eu terei de lidar com isso. ” – Relatos: análise psicanalítica de comportamento:

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Diário de um Psiquiatra: Alter Ego

Tantos anos se passaram quanto quando não se percebe ver passarem, o suficiente para ter passado despercebido mudanças em sua visão periférica de sua própria silhueta... não notando o próprio corpo envelhecido, corpo este destituído de ofício. Abandonara a profissão de psiquiatra e os estudos de terapia comportamental, escrevera um livro sobre técnicas de mimetismo social, discorrendo um assunto efetivo em seu campo de estudos, inovando com o conceito onde o paciente deve seguir um roteiro, agir pela apropriação da similitude em seu meio social, assunto que ganhou prestígio pois tinha como resultado interior para quem se recupera de um incidente emocional que ela haja pelo bem social do seu interior para o universo exterior ao qual ela frequenta, tese esta que derrubaria a necessidade de medicamentos e intervenções no universo da vida do humano atendido pela técnica, preservando seu respectivo capital empírico pessoal. Assunto este fez o nome e com isso, lhe deu acessos, mas não se importou com isso, não era ele refém de sentimentalismos familiares, tão pouco tinha para quem deixar legado e a vida consistia em continuar o caminho de experiências, de aprender com a dor, de crescer no seu interior, atingir uma iluminação como último ato da peça teatral que é viver.
Acordo tarde, como é frequente... ter por perto água se tornou mecanismo de sobrevivência, me agrada os bares próximo desses convites de palestrar e saber que acordar tarde não é problema, não vejo necessidades de resistir, gosto do meu alter ego. Ainda bem vestido, apesar de corpo e alma amarrotadas, noto dentro do meu paletó um papel amassado, mas não deve ser meu, o conteúdo tem afeto. “Não acredito que estes revolucionários acreditaram em você, mas me conforta é entender que eu própria acredito quando diz gostar de mim...”

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...