Sozinho no balcão lembrando
satisfeito da manhã de café na casa de sua filha ao mesmo tempo que sente uma
ponta de culpa por se parecer distante no momento em família estava com seu
senso cristão distante, pensando no pobre coitado que recolhera da sarjeta na
manhã daquele dia.
A noite acontecia naquele bar construído
nos subterrâneos de um bairro no centro universitário da maior metrópole
nacional. Davi organizava seus papeis da demanda do dia distraído enquanto
pensava e sentiu presença de cliente no balcão, automaticamente oferece atenção
e nota que o senhor era justamente o pobre coitado da manhã. Ele muito bem
vestido, cabelo preservado e barba grisalha não seria a mesma pessoa da manhã
se o barista próprio não o tivesse carregado e deixado no quarto dos fundos do
bar. Impressionado, conversa com o moço, que seu nome não disse tão pouco
idade, devolveu cumprimento amistoso, mas vazio, definitivamente não se
lembrava de mim. Guardando uma caneta dentro do terno metodicamente parece
ignorar todo o mundo exterior, e após esse momento volta a atenção para mim e
pede por um drink, seguido de outros dois que bebe em silêncio e um quarto que
se retira deixando uma nota sobre o balcão, o valor exato do débito me intriga,
mas relevo. Ele se mistura entre os outros clientes, no meio deles noto que são
todos iguais e de fato me deparo com a condição incontestável de lidar com
isso, afinal fazer algo é não esperar nada em troca, assim dizia na antiga
função pastoril e assim prefere continuar vivendo.