terça-feira, 20 de junho de 2017

Depoimento de um barista, testemunha espiritual: Hoje boa ovelha, outro dia bom pastor.

Sozinho no balcão lembrando satisfeito da manhã de café na casa de sua filha ao mesmo tempo que sente uma ponta de culpa por se parecer distante no momento em família estava com seu senso cristão distante, pensando no pobre coitado que recolhera da sarjeta na manhã daquele dia.

A noite acontecia naquele bar construído nos subterrâneos de um bairro no centro universitário da maior metrópole nacional. Davi organizava seus papeis da demanda do dia distraído enquanto pensava e sentiu presença de cliente no balcão, automaticamente oferece atenção e nota que o senhor era justamente o pobre coitado da manhã. Ele muito bem vestido, cabelo preservado e barba grisalha não seria a mesma pessoa da manhã se o barista próprio não o tivesse carregado e deixado no quarto dos fundos do bar. Impressionado, conversa com o moço, que seu nome não disse tão pouco idade, devolveu cumprimento amistoso, mas vazio, definitivamente não se lembrava de mim. Guardando uma caneta dentro do terno metodicamente parece ignorar todo o mundo exterior, e após esse momento volta a atenção para mim e pede por um drink, seguido de outros dois que bebe em silêncio e um quarto que se retira deixando uma nota sobre o balcão, o valor exato do débito me intriga, mas relevo. Ele se mistura entre os outros clientes, no meio deles noto que são todos iguais e de fato me deparo com a condição incontestável de lidar com isso, afinal fazer algo é não esperar nada em troca, assim dizia na antiga função pastoril e assim prefere continuar vivendo. 

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...