quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sentado novamente no divã, tentando me ajustar ao estofado desgastado, percebo que isso aqui já não faz tanto sentido pra mim, ainda não entendo por quais razões venho, mas se vim, contarei o que quer que me venha aos pensamentos:
‘Chovia, encosto o rosto no vidro do ônibus, e sinto o gelo da atmosfera externa àquilo me inebriar de pensamentos infantis. O que vejo são silhuetas de vegetações do cerrado, suas curvas parecem criar formatos que imaginávamos nos contos, quando pequenininhos nos perdíamos em criações de pensamentos ao ouvir. Sou invadido pela maior de todas as nostalgias, vinda com bilhões de outros sentimentos, ativando instintivamente reações diversas no meu corpo. Mordo os lábios de leve, como quem se concentra em qualquer coisa importante, na tentativa de cuidar de minhas expressões. Me lembro de todas as mentiras que venho ouvindo, falando, vivendo. Me lembro de todos os pecados que venho cometendo. Abandonei a felicidade ingênua da inocência pra me deliciar de prazeres nem tão prazerosos assim. Me perdi na metade do caminho, criei critérios de felicidade que nunca existiram. Destruí universos complexos pra me apaixonar por rascunhos, esboços de tudo que se tem relação com vaidades. Onde antes era um amor à ciência do carinho, do comprometimento com um sorriso sincero, de um abraço sem malícia. Me perdi.’
Arnaldo Junior


Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...