segunda-feira, 18 de maio de 2009

no divã

Novamente no divã, enquanto observo um emaranhado de sombras brincarem com a silhueta do ambiente, em uma lâmpada turva e que balança ao centro de um ventilador que parece ser insuficiente de oficio, titubeando esdruxulamente, como quem quer deixar claro que está cansado, que quer exalar sua alma, exalar seus conflitos, os seus e de todos os patologicamente compatíveis aos meus devaneios, ele é cúmplice ao meu analista, cometem todos os dias os mesmos pecados, se omitem à verdade, enquanto vivo meu cotidiano instável e desesperador fora daqui, ambos estão conscientes disso, ambos estão aptos a me crucificarem, mas não o fazem.

Hoje em especial, quero deixar claro que não estou em condições de falar, minha mente não está preparada em dividir turbilhão de idéias com uma comunicação simples; quero dizer algo, dizer sobre alguém, sobre um sentimento, sobre as condições injustas desse sentimento, desse inquilino estranho, que me incomoda, quero apresentar esse passageiro, e já celebrar o velho momento de despedida do mesmo, quero apresentar esse amigo volátil, não quero sentir todas essas dores sozinho; adianto: já o vejo saindo pela porta, não eu, nem meu analista, mas o inquilino, ele foi grosso o suficiente a deixar uma cicatriz no meu psicológico, no meu acervo de sentimentos tão lapidados, bruscamente lapidados.

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...