Na
penumbra do meu consultório, observo a sombra de uma cadeira ao chão, usando da
claridade do sol refletida da lua, que depois de percorrer um caminho espacial
tão peculiar, distante e perigoso, veio acabar logo aqui, na madeira velha e
surrada de onde eu piso. Inclino um pouco o meu rosto, me viro na poltrona,
cruzando uma perna sobre a outra, apoiando meu cotovelo sobre o braço
encourado. Com as mãos apoio meus dedos ao queixo, pensando em como é incrível
minha habilidade em ver os últimos três meses como se fossem alguns anos.
Esqueço um pouco disso, levanto-me, aos arrastos, e percebo que meu corpo já não
descansa há dias. Já de pé, dou um passo e instantaneamente sou invadido por
uma luz avermelhada, apoio-me com os braços ao canto da parede, aperto forte os
olhos e abro-os novamente, tudo está como deveria estar, o embaçado habitual que
refugia os meus sentimentos.
Arnaldo Junior.