quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Depoimento de um esquizofrenico

Quarta feira estranha, acordo com várias coisas na cabeça, geralmente costumo acordar eufórico por ser o dia de visitar o psicanalista, sempre me anseio em saber os resultados de meus devaneios. Mas hoje não me senti assim, sem ansiedade, nem desconforto, muito menos insegurança. Ainda na cama sinto algo me incomodando, a principio me surpreendo por considerar esse desconforto físico e anatômico como algo super comum, como se aquilo estivesse ali a muitos anos, e somente agora sinto. Penso no remédio matinal, olho a luz de mensagem de voz no meu telefone, calculo as horas, observo o som da vizinhança, e volto a pensar na anomalia do leito, tratando a ultima opção como prioridade, vasculho e encontro um velho diário, com velhas e extremamente vivas memórias, nunca precisei do mesmo pra relembrar fatos do tão recente passado, já não vivo esse diário a o que? 2, 3 anos? Digamos que esse diário teve influência e atividade participativa assídua por um considerável tempo na minha vida. Digamos que isso tenha uma repercussão nostálgica em vidas próximas a mim, e o elo seria eu, ou o arquivo recém encontrado. Acredito, em mais um de meus devaneios, que para que haja conexão entre universos paralelos, elos devam existir, e para que o futuro seja um bom passado, o passado de hoje deva ser desvinculado de elos com universos paralelos, e vida siga seu curso natural. Comentário um tanto espírita, mas enfim. Levando, olho as mensagens de voz, uma delas era desmarcando a consulta com meu especialista. Não penso muito no assunto e resolvo sair, procurar algum lugar pra enterrar essas relíquias psicológicas.
A alguns poucos quilômetros de minha residência já me encontro, com uma lasca de arvore cavo uma cova, em um ritual quase que proposital insiro o pequeno caderno desgastado entre as paredes de terra úmida e escura, pensamentos vem em minha mente, conversam comigo, suplicam, arranham minha mente e por algum momento sinto um ódio reprimido vindo dessas sensações, como um ato de desespero inesperado, como se contasse com sua eternidade viva, em memórias de quem quisesse, flutuando em liberdade, exercendo influencias e sensibilizando a natureza da vida, permutando passado, futuro e presente como de interesse próprio, desrespeitando as diferenças, as boas e as más oportunidades naturais. Como que por instinto fui enterrando e me inebriando com sensações extremamente peculiares, sentia o ar livre, como se nunca tivesse sentido isso. Alivio? Liberdade? Satisfação?
Não percebi que estava sorrindo, não percebi que estava me deliciando com esses sentimentos, também não percebi que estava chovendo, e muito, parecia chorar, não me preocupo em saber se é de alegria, ou infelicidade, creio que não posso ser culpado de atos tão puros e coerentes. Não quero me preocupar com a hora, não quero me importar com limites do quanto posso me sentir assim, e me sentir assim sempre foi tão raro, espero que essa chuva dure, agora é só isso que espero...

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...