a tanto tempo sem vir aqui, senti uma vontade enorme em dizer o que aconteceu desde então, momentos que vivi, sem todos os detalhes, porque isso merecia sim um livro, e não pequenos desabafos soltos em expressões superficiais e objetivas. Vou contar uma breve historia, por mais que se estenda, considere-a pobre de informações, porque o que vivi é, de fato, extremamente inexpressível.
a 2 anos, conheci uma pessoa, por uma brincadeira de internet, ela e um amigo conversando e eu atrás na webcam fazendo todas as caretas possíveis, trocamos email e nos tornamos colegas eventuais, era divertido conversar sobre coisas fúteis, começamos com as aventuras dela, ela mostrando fotos em lugares que eu nem conhecia, dizendo ser bom pra sair e conversar com alguns gatinhos, achava engraçado ouvir isso de uma menina atrevida de 12 anos, e eu 9 anos mais velho acostumado com tudo, menos com isso. com o tempo ela viveu momentos mais complexos, relacionamentos e dificuldades comuns a qualquer mulher, passei a colher com mais freqüência seus problemas e tinha liberdade em dar conselhos, péssimos por sinal, mais sempre ouvidos e respeitados, isso me fazia bem, é extremamente desconfortante quando a gente percebe fazendo alguma diferença na vida de alguem. com o tempo tive liberdade em discutir meu lado mais intimo, falando de meus problemas pessoais, meus maiores pecados e segredos, por nao conhecer ela pessoalmente me sentia bem em relatar e dissipar tudo esse peso na mente, me fazia bem, houveram mudanças nas vidas dos dois, passei por fases que por fim identifico-as como idênticas e vazias, ela passou também por suas situações, considero-as mais difíceis do que as minhas, e valorizo-a por ter sido tão forte e madura pra enfrenta-los, adquiri uma admiração absoluta quanto a ela, criei um respeito ao extremo, observa-la viver era uma prova de força e vontade de se reerguer, acumulei problemas e futilidades que graças a ela e uma outra amizade eu consegui me livrar, e me senti feliz sozinho, valorizando a minha amizade com ela, com o tempo ela também optou em ser feliz assim, aconteceram coisas engraçadas, tipo, eu ia na cidade dela muito raramente, e quando ia nos viamos muito pouco, era interessante a forma que eu a via, sem interesse e malicia, por mais que brincasse com tudo isso, eu realmente a via como algo inviolável, era uma afeição à amizade enorme, não me via feliz sem ela, sem essa amizade, e deseja-la estava longe de ser algo almejado por mim, não queria trocar o que mais me fazia feliz, nao era interessante poluir muito com tão pouco, enfim, acabamos nos encontrando no aniversário de um amigo nosso, ela tava linda, feliz, sorridente, e me fazia tão bem ta do lado dela, me admirei sentindo isso, em um momento de brincadeira, por causa de um "vale maça" e uma foto 3x4 ridícula na minha carteira, por tentar tomar isso dela, fui surpreendido desejando seus lábios, e nao pude evitar meu desejo, muito menos esquecer o gosto que ele tinha. passaram-se algumas semanas, eu continuei "vivendo" e tentando nao ter a amizade abalada por aquilo tudo, conversávamos com a mesma freqüência, e decidido em nao ter novamente essa aproximação, resistir a isso era um desafio enorme pra mim, brincamos algumas vezes de "quer namorar comigo?" pela internet, trocamos status de orkut, no que por motivos peculiares durou menos de 24h, agi como solteiro por ter considerado tudo uma grande brincadeira, e me senti culpado pela primeira vez na minha vida, ouvindo a voz constrangida dela em me ver contar o que fiz, depois de ter sido tratado em publico como namorado diante amigas dela, e ouvir a respiração ofegante em faze-la ir pra sua casa depois de ta com as amigas pra que eu possa conversar com ela, me senti culpado ainda por ter tido coragem de perguntar: "vc vai alterar o status do orkut pra solteira de novo?", senti pela primeira vez o verdadeiro sentimento de perca, me preocupava com a amizade, com o que eu tinha feito, vi de fato que tive um namoro, brincando ou não, percebi que por momentos teve uma importância na sua vida, importância tal que repercutiu na minha.
dia seguinte convido-a pra sair comigo, ela aceitou, queria tirar esse sentimento estranho que eu tava sentindo, e sair com ela e tentar ser um bom amigo e nao ceder as vontades de ter sua boca de novo era objetivo maior, cedi, tentei beija-la, fui negado, perguntei o motivo, nao me lembro bem as palavras, mais interpretei algo tipo: não quero ser uma dessas pra vc, um beijo pra vc não significa nada. Metáforas forma deferidas, psicologias reversas foram aplicadas, pedidos de namoro informais suspiravam em argumentos, prioridades eram revistas, um desafio foi lançado, lábios quentes se encontraram, um pedido oficial de namoro foi sussurrado... 7 de março de 2008, uma sexta feira pesada e tensa, em uma praça de Leopoldo de Bulhões, senti todo um peso sendo tirado de mim, era uma nova sexta feira, confusa e graciosa, nascia ali um novo 7 de março em minha vida.