terça-feira, 15 de abril de 2008

Meio perdido, andando entre tantas portas entreabertas mais sem algum interesse especifico por alguma delas vi um ambiente estranho, cores fortes e pesadas próximas à uma porta encostada, me senti diferente, vi minha pele tonificar de acordo com o ambiente, senti sede, somente sede, perdi muitas das minhas anteriores necessidades. Não me vi passar por essa porta, dentro era amplo, parecia infinito, as paredes vinham marcando detalhes sobre muitos fatos, tudo em tons diferentes, já tinha visto tudo aquilo antes mais em outras condições, parecia mais real agora, parecia ter mais impacto, detalhes esses as vezes esculpidos, as vezes retratado, mais era muito nítido, realmente me lembrava de muita coisa ali, queria muito poder pintar exatamente como via em todos os lugares antes dessa porta. Me vi andando, me vi tocando no que nem tinha pensado se deveria, me vi mudando os detalhes com um olhar, eu não era tão diferente do local no momento, quando entrei me senti estranho, agora já me sinto daqui, curioso por ver o quão eram idênticos os detalhes expostos no ambiente aos de fora que me perguntei se poderia influenciar os de fora modificando os de dentro, não sou artista, isso não são artes, mais parecem com engrenagens, mais tem formas e cores, então seriam maquinários artísticos?! Engrenagens no sentido expressivo talvez, porque não tem nenhuma peculiaridade física que define isso como tal. Lá fora, nas cores comuns, procurei um meio de ver todos esses detalhes sendo acabados de formas tão complexas, agora tudo parece tão nítido, tão fácil de ser concluído, não consigo expressar que detalhes são esses, não posso atribuir qualquer adjetivo, não quero desvalorizar ou dar valor demais ao que vejo, toquei sem pensar em tocar e fiz muitas coisas tomarem formas surpreendentes, achei que tinha controle, vi tudo mudar em minhas mãos de acordo com tudo ao meu redor, parecia tomar formas perfeitas, entre meus dedos corriam formatos e cores fortes, seria isso um vermelho? Não quero que seja vermelho, de repente estou nos limites do ambiente, do outro lado vejo tudo por um vidro, parece que quanto mais movimento os detalhes daqui de dentro as lá de fora vão tomando formas também diferentes, isso é tão envolvente, aqui tudo pode ser resolvido, tudo tão ilimitado, não quer sair daqui, pelo vidro a fora parece ser tudo tão complexo. Estranho, não tinha percebido, o vidro esta ficando escuro, embaçado, não consigo ver muito bem do outro lado, vejo uma porta e me pego saindo por ela, meus olhos se perdem num claro imenso, o chão se move e me vejo de joelhos, com as mãos apoiadas, de olhos fechados, meu corpo lateja, sinto meu corpo suar sem suor algum, sinto vontade de chorar mais não tenho lagrimas, sinto uma sede diferente agora, sinto falta de algo mais não sei o que, consigo entre abrir os olhos, possuo uma visão muito limitada do ambiente que estou agora, me pergunto se é o lugar por onde eu entrei, não vejo detalhe algum aqui, pelo vidro tinha tantas coisas, me levanto, procuro extremidades mais não vejo nada, por traz de mim o vidro e a porta agora fechada, quero voltar mais não consigo, mal consigo me aproximar do vidro, vidro frio, porta sem maçaneta, mundo sem cores, não consigo ver meu reflexo no vidro e não sei dizer se estou de roupa ou não, isso por um momento chega a ser inebriante, o vidro muda de cor, tudo por traz dele fica cristalino, tudo tão nítido, sensação maravilhosa que estou sentindo, felicidade estranha...

(continua)

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...