sexta-feira, 19 de março de 2010


“Dentro de um estúpido e singelo boneco, me vejo vagando em um emaranhado de sonhos, mistérios e desejos. Talvez eu esteja mesmo dentro desse boneco, talvez eu esteja mesmo preso nessa realidade que ofusca qualquer perspectiva. Vagar entre sonhos e desejos não quer dizer que estão pra mim, que posso tocá-los,  que posso tê-los pra mim. O que é meu já sei, já vivi tudo isso e venho vivendo agora, e viverei eternamente.”
Penso isso tão rápido quanto esqueço esse pensamento, enquanto caminho para meu especialista me vejo de frente uma idéia, tento desviar mas percebo que é inevitável, acho que preciso pedir que meu médico mude o medicamento, logo que entro, sinto como se pendurasse meu corpo ali, na entrada, e agora eu fosse somente a alma, a alma entrando no confessionário, ambiente pelo qual mais temo em vida! Cumprimento meu amigo, que continua na velha e eloqüente penumbra, observando meus devaneios, desejo tão quanto ele deseja o fim disso, mas é uma troca que tende a perpetuar. O fim desse romance existirá, acompanhado da delicia do meu ultimo suspiro.  
Arnaldo Junior

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...