quarta-feira, 31 de março de 2010

Tema Off; Epílogo:

 São 4 da manhã, há muito sangue por todo o quarto, sinto um calor muito forte em minhas mãos, um calor externo, como que um manto, uma película cobrindo sutilmente minha pele em forma de cobertor. Lembro do frio que sinto no corpo todo, e um sorriso sacana se faz no meu rosto ao pensar nessa contradição de sentimentos. A confusão logo vem e usurpa a leve paz, tal paz que naturalmente nunca existiu, péssimo hábito esse meu de criar sentimentos, na ausência de tantos por que reproduzir logo a paz? Hipócrita! Minha respiração trafega suavemente, namorando meu pensamento cada vez mais leve, cada vez mais leve. Sei o quanto disso é ilusão, o quanto disso faz parte de um sonho, e o quanto posso sonhar, mas agora não é o momento de limites, não quero impor limites à delicia dos prazeres, o prazer soberano que por muito tempo me desejara, que hoje me tem como eu a tenho. Aprecio cada segundo desse contato muito além do íntimo.
Afago o quanto posso o que tenho de lembranças, tento acreditar também na coesão entre lembranças e passado real. É o que tenho agora, é o meu medalhão da sorte, minha caixinha de músicas que guardo no criado mudo do lado de coisas importantes.

                                                                                        Arnaldo Junior 

sexta-feira, 19 de março de 2010


“Dentro de um estúpido e singelo boneco, me vejo vagando em um emaranhado de sonhos, mistérios e desejos. Talvez eu esteja mesmo dentro desse boneco, talvez eu esteja mesmo preso nessa realidade que ofusca qualquer perspectiva. Vagar entre sonhos e desejos não quer dizer que estão pra mim, que posso tocá-los,  que posso tê-los pra mim. O que é meu já sei, já vivi tudo isso e venho vivendo agora, e viverei eternamente.”
Penso isso tão rápido quanto esqueço esse pensamento, enquanto caminho para meu especialista me vejo de frente uma idéia, tento desviar mas percebo que é inevitável, acho que preciso pedir que meu médico mude o medicamento, logo que entro, sinto como se pendurasse meu corpo ali, na entrada, e agora eu fosse somente a alma, a alma entrando no confessionário, ambiente pelo qual mais temo em vida! Cumprimento meu amigo, que continua na velha e eloqüente penumbra, observando meus devaneios, desejo tão quanto ele deseja o fim disso, mas é uma troca que tende a perpetuar. O fim desse romance existirá, acompanhado da delicia do meu ultimo suspiro.  
Arnaldo Junior

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...