segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Inauguração temas off ao conteúdo: Um vezes Dois (Esquizofrênico e Especialista)

Quero anunciar (pra mim mesmo, sendo eu o único leitor do que escrevo) uma pequena alteração na rotina do blog (autopsicobiografia, melhor dizendo para este caso), Estarei incluindo em lançamentos off um pequeno anexo em paralelo, intitulado: “Pensamentos Soltos” (nada original, mas nada definiria melhor).

Aproveitando Tópico para publicação do primeiro texto.


Pensamentos Soltos, Capitulo 01

Sou um surto, uma anomalia, um projeto defeituoso, algo inacabado; deveria ser tudo, mas sou tão pouco, beirando um nada, beirando uma inexistência; por que deveria ser? Que lógica absurda me obriga a seguir tendências, a me alienar por padrões, a ser um pouco dele, um pouco de você? Poderia simplesmente ser o que sei que não sou, o não ser significa pra mim, significa muito pra mim, nasci com isso, mesmo não te interessando, mas sou isso, simplesmente isso. Ser você é tão especial, tão único e tão coletivo, que não cabe a mim usufruir desse privilegiado recurso, não mereço tanto, te ofenderia. Estaria eu enganado das maravilhas sociais, negando tudo, negando uma inclusão social mínima que seja? Estaria eu blasfemando ao perfil ideal? Cuspindo na face do mais novo Jesus C.? Minha ignorância talvez seja meu maior pecado, minha delinqüência comportamental é um veredicto, claro, estou condenado. Mas por que quanto mais faço isso, mais me sinto bem?


Arnaldo Júnior

sábado, 24 de outubro de 2009

Hopital psiquiátrico e seu esquizofrênico

É 4h da manhã, gosto seco e metálico; vejo um enorme branco que preenche totalmente minha mente, nenhuma memória ousa macular paz, não quero me preocupar com essas memórias, sou feliz com o branco que agora vejo, infelizmente não dura muito, o que era uma delicia me mata de tédio, os desejos obsessivos por qualquer que seja o pecado de pensamento estupraram essa paz, que instinto é esse? A quanto tempo ele mora comigo? Fora essas perguntas, o instinto habita entre um branco único e intenso aqui dentro, não esperava por isso, mas esse sentimento foi evoluindo, senti uma dor enorme nas minhas pernas, a dor é vermelha, de um vermelho vivo, um pensamento vermelho vivo. Mas isso não é um pensamento, a dor é física, resolvo deixar de olhar pra dentro, e olho pra fora e vejo meus dedos cravados às pernas, cravados a ponto de fugirem-nas as cores, talvez seja o vermelho por dentro, mas não é isso que me impressiona, é meu corpo nu, por um momento esqueço a dor, e ignoro meus instintos naturais sendo assassinadas pela dor, e observo meu corpo totalmente nu, minhas unhas estão pessimamente cuidadas, mas não extintas de algum zelo, a falta de cor também consumiu tudo por fora, a cama, o lençol, as paredes, percebo que estou tremendo, seria de dor? Não, talvez seja de frio, sinto frio só de olhar nas paredes, um azulejo marcado com o tempo, sussurrando seu passado sombrio e caótico, sussurrando alertas frenéticos e distantes, suficientemente frenético a ponto de os colocar tão longe, urgências nunca foram meu forte; hábito herdado da infância, digo. Vejo o florescer azul claro, um florescer leve como o cheiro doce e calmo de um abraço, analogia incoerente é meu forte, digo. Meu susto veio em seguida, acompanhado de um leve surto, ao perceber que o azul é minha pequena metrópole de veias nesse braço, mais fraco e branco que o habitual, mas não é isso que me chama a atenção, são essas veias, azul, verdes, essas duras cores, essa indecisão de cores que me impressiona, meu pequeno surto durou até eu ter certeza, essas veias não são minhas, logo: pouco me importa as cores. Não são meus, pois não os sinto, como também não sinto a mão com seus dedos que compõem esses braços, dedos que cravam essas pernas, que definitivamente não são mais minhas, não mais. A dor passou, não sei de quem roubei essa dor, mas o vermelho vivo e eloqüente nem se quer vejo mais.

Depoimento de um esquizofrênico: Auto-penitências

Há meses preso nesse ciclo, talvez não merecia tanta confiança dada pelo meu especialista... não consigo lidar com a pressão dessa vida, co...