Hoje quero fugir um pouco do padrão, pedi a mim mesmo que parasse de me analisar, levantei do divã e o chamei pra sair, conversar um pouco informalmente, quero ser eu mesmo em idéias, falar por falar sentado em uma mesa qualquer de um bar qualquer olhando o movimento natural das coisas, e expressar sentimentos e idéias próprias sem que eu tenha um veredicto crucial! Quero ser eu mesmo, e fugir um pouco do personagem falando de outro personagem pra um personagem, quero ser sincero comigo, conversar comigo sobre tudo, talvez até de mim, quero ouvir por imaginação um mundo normal, onde pessoas a essa hora (06:53 hs) estão em um movimento frenético indo sempre a algum lugar onde não deixam de ir ontem, irão amanha. Quero me imaginar alguém diferente, alguém que não pode ser visto mais que está lá, vestido de forma casual, uma calça qualquer, uma chinela simples de dedo e até se possível uma meia pra proteger do inevitável frio matinal, uma camiseta com alguma coisa por cima, cabelo despenteado e rosto amassado, conversando comigo, sentado do outro lado da mesa vestido de roupa mais adequada com o mundo real, vestido com uma camisa bem passada, uma calça Oxford preta e um sapato preto, cabelo bem penteado e barba bem feita, com as mãos sobre as pernas, olhando fixamente entre a fumaça do meu chocolate quente sobre meu rosto, tentando ver aqueles olhos vagos distraídos e calmos olhando pro lado, como se tivesse parado e esquecido no momento trivial de tomar o chocolate, sentindo um calor distante no canto do seu rosto, enxergando tudo e não vendo nada. Eu formal preocupado com Eu casual, numa calçada de uma rua, de uma cidade mergulhada em uma agonia profunda de tentar superar o ontem. Enfim sai um suspiro, seguido de uma precipitação de algo que vai ser dito, mais um momento de silencio e finalmente o tal silencio foi quebrado:
- Parece tudo tão simples, tão vago, e também tão desnecessário. Porque viver mais de 70% do que você tem que viver assim? Correndo atrás de algo que tão sem fundamento que é o futuro? Viver é uma loteria, você não sabe se o hoje será recompensado amanha, posso passar a vida inteira me procurando e me achar no ultimo dia. Isso é justo?
Confesso, esse comentário me assustou, foi dito profundamente, porém o enredo não me agradou, foi um conteúdo imaturo e covarde, me analisando e me observando voltar ao meu silencio e finalmente continuar o procedimento ir com o copo à boca senti uma vontade enorme de me levantar, deixá-lo sozinho em seus pensamentos e deixar que se ache, mais eu aí quem seria o covarde? Relaxei um pouco o corpo, me distrai um pouco com o meu redor, me puxei pra frente com os ombros sobre a mesa, me distrai um pouco com o meu copo de café já vazio e frio e fiquei com o olhar fixo à mesa, eu me conheço, e sei que não posso intervir, o Eu sentado na minha frente precisa de um tempo, merece a “solidão acompanhada”, conselhos são desnecessários, do outro lado da mesa consegui ouvir as engrenagens do seu subconsciente trabalhando, a uma velocidade incalculável, pensar é transgredir, é a teoria mais simples e aceita por mim, sempre! Conseguir chegar a um nível de se ver dentro de si mesmo é uma arte, dizem “que se vê melhor quando esta fora”, se ver por fora é algo perfeito, e eu me conhecia a ponto de me deixar assim, sozinho, e acompanhado. Eu precisava estar comigo mesmo naquele momento, ele precisa de mim, e eu vou ajudá-lo. [...continua hoje mesmo]
~> Hoje quero finalizar este post e corrigi-lo.