segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Acordo de súbito, boca seca e corpo dolorido. Que sentimento monstruoso, pesado e incompreensível é esse que hoje me preenche? Como se eu nunca tivesse sido do mundo, hoje me vejo estranho. Vago em pensamentos e o que vejo são memorias de tantas coisas, tão distantes, e que nunca poderei viver nem parecido. Se fosse pra expressar, talvez falasse de sentimentos que todo mundo sente, mas não é nada parecido. Se a loucura não fosse doença, talvez tratasse esse sentimento como tal, mas não estou doente, creio.
Desisto de me levantar, e me mergulho no que digo ser pensamentos, a água tão turva, tão movimentada, com tamanha quantidade de vida, como se toda essa energia fosse de coisas boas. Talvez devesse me preocupar, talvez devesse ir ao meu médico, ou tomar alguns dos meus remédios. Mas não quero ser louco por doença. Quero sentir a loucura como sinto o amor, digo, como sentira a tantos anos, ou talvez nunca o houvesse sentido, que seja. Quero apreciar as dores da vida, quem sabe poder fazer algum mal, talvez odiar alguém.
Ódio, talvez seja o que eu esteja sentindo, e não loucura, caso loucura eu a sinta como um sentimento, de fato. Mas não é ódio, e seria por quem? Pela felicidade? Pela liberdade? Que tipo de liberdade deixa de ter? e felicidade em que conceito eu experimentava? Não acredito em nenhum dos conceitos, nem de felicidade ou liberdade, então por que eu sinto isso, como se odiasse, comparando intensidades, mais que amo meu maior amor? Quero apreciar o fim, ver o quanto posso aguentar. Suportar a perca ao mesmo tempo mais banal, e mais difícil de toda minha vida.
Arnaldo Junior

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