Se tenho problemas, são supérfluos. Gosto mesmo é de resolver os seus, de me perder em coisas que sei que nunca vou viver, ou que já vivi, ou que ando vivendo desde tempos. Quero viver um filme as suas custas, escolher no menu tudo que gostaria de ver, talvez coisas boas, talvez coisas ruins. Nesse filme às vezes participo, deixo tudo mais confuso quando às vezes escolho coisas que não vão me agradar, não tenho controle sobre o que posso sentir, prefiro achar que estou me surpreendendo, que apreciarei prazeres que não previ. Se anjos e demônios vivessem entre nós, talvez eu sofresse mais influencias do mal que do bem. Não penso muito em como as coisas podem ficar no final. Quero mesmo é a surpresa disso tudo, quero te ver sorrir por coisas boas que te fiz, te ver chorar por coisas tristes por coisas más que lhe ofereci. Mas você saberá que nada foi culpa minha, porque você teve opção, você sempre tem opção, te dei a solução de tudo, mas vinha junto percas que te fariam falta; dei-te a forma de complicar ainda mais as coisas, mas junto vinha à emoção e alguns prazeres. Se te influenciei na tua vida na verdade não sei, mas quero achar que sim. Meu maior vício sempre foi algo parecido com isso, devem existir bilhões de estudos científicos sobre assuntos relacionados, não sou diferente, nunca serei. Roubei-te alguns dias da sua vida, meses, e em alguns casos te tirei alguns anos, você acha que viveu tantas experiências, tantas coisas autenticas, mas nada foi sem ter feito uma prévia de planos, você andou silenciosamente nos trilhos que te dei, passou por ambientes que lhe programei, climas, momentos deliciosos, e alguns de tormenta. Tirei-te os trilhos e você praticamente se perdeu, é engraçado como algo que pode te fazer tão ruim é capaz de ser o alicerce de sua vida. Fiz com que sua existência se tornasse algo nada mais que genérica. Observei-te enquanto te vi andar por aí, enquanto estava do meu lado, procurando pelas opções que te dei, e enquanto emancipou-se, procurando pelas mesmas opções, mas agora em vão. Todos os sentimentos que lhe dei, foram sentimentos que gostaria de ter sentido, infelizmente não tenho essa habilidade de amar, odiar, de me perder em devaneios poéticos aos pensamentos por você, ou por qualquer outra mulher dessa terra, não é você, ou todas as mulheres, a deficiência é eu, e só. Se você acreditou em tanto amor, talvez tenha que aprender sobre o ódio também, pois você definitivamente não sabe onde há sentimentos, e onde não há. Queria mesmo ter te amado, ser sido sincero, queria não ter agido como sempre agi com as coisas, mas o personagem sempre tem propriedade sobre eu mesmo, sou somente um escravo e tenho que obedecer ao que ele pede. Ele ama quem acha que deve, tem seus inimigos de forma organizada e estratégica. Ele não precisa demonstrar nada além do necessário, ele nunca te perdoou, e sempre se vingou. Ele se diverte de coisas que você nunca imaginou, acha graça de desgraça, e desgraça de algumas graças. Mas ele também não é todo cruel, ele também sabe cuidar de coisas que tem como verdadeiro, é um guerreiro com suas honras, onde sabe beijar a mão de quem respeita, ou cravar um punhal ao abraçar quem odeia.
Arnaldo Junior